Na série Ajuntados da Junta apresentamos os nossos colaboradores
Conhecemos Samuel na segunda edição da Junta Local, em outubro de 2014, na Comuna. Nessa “época”, tudo nas nossas feiras ainda era feito na base do improviso, do jeitinho, da cooperação e força de vontade dos produtores e organizadores (não que isso tenha mudado muito, mas já estamos um pouco mais ajeitados).
A certa altura, nos demos conta de que não havíamos nos preparado para ter um registro daquela insanidade que era fazer uma feira com uma trupe de pequenos produtores vindos de toda parte e se instalando nas mesas do salão da Comuna e em tampos equilibrados sobre cavaletes e engradados de cerveja. Foi aí que surgiu Samuel.
Ele parecia um cara interessante e gente boa. A câmera bacanuda Leika que ele carregava à mão era mais interessante ainda. Ele foi abordado e perguntado se não se importaria de compartilhar conosco as fotos que estava tirando. Não tínhamos muito para oferecer em troca, apenas uma cerveja 2cabeças. Alguns dias depois, chegou na nossa caixa de e-mail uma mensagem gentil e um link para o arquivo de fotos bonitas, profissionais e originais. A nossa feira saiu bem na pinta e assim começou nossa parceria com Samuel, fotógrafo de primeira linha e verdadeiro gentleman.
De lá para cá ele já fotografou quase todas as nossas feiras (confira as fotos bonitas dele no nosso Facebook) e tambem fez fotos dos produtos para o site e para o uso dos produtores. A parceria se baseia não apenas no profissionalismo e talento, mas também na compreensão do valor da comunidade e cooperação, adotando sempre a transparência e o sistema de “pague quanto puder”. Abaixo, conheça um pouco mais sobre Samuel e seu trabalho na Junta Local.
Conte um pouco sobre sua formação e seu trabalho como fotógrafo.
Sou formado em Administração e a fotografia surgiu como uma válvula de escape para uma rotina bem agitada. Durante os tempos de jornada dupla, onde ainda mantinha meu emprego regular, eu procurei estudar e aprender com fotógrafos que admiro, como João Quental, Walter Firmo, Claudio Edinger, entre outros. No ano passado (2015), tive a oportunidade de fotografar três eventos fora do Brasil e isso foi essencial para me desenvolver como pessoa e como fotógrafo.
Hoje meu trabalho está mais voltado para feiras, eventos corporativos, casamentos, entre outros. Mas confesso que sou um pouco avesso a “especializações”, por isso sempre que surge uma oportunidade, procuro colaborar e atuar em outros segmentos.
Como você conheceu a Junta? Em comparação aos seus outros trabalhos, qual a diferença de trabalhar com comida, produtos e produtores?
Se me lembro bem, foi em agosto ou setembro de 2014, em um post da Comuna falando sobre a 2ª edição da Junta que ia rolar lá. Entrei no site e achei ótima a ideia de conhecer as pessoas que estavam por trás do alimento que a gente leva pra casa.
A Bel, minha esposa, é chef e foi ela quem me ensinou que você pode aprender muito sobre as pessoas apenas observando a maneira como elas tratam a comida, a enxergar as relações humanas por trás dos alimentos. E esse é um exercício que carrego comigo sempre que estou trabalhando. Independente de estar fotografando um projeto de arquitetura, um casamento ou uma leva fresquinha de mini beterrabas, eu procuro enxergar o fator humano que existe em cada uma dessas situações e como a fotografia pode ajudar a realçar essa relação. Quando você enxerga dessa forma, percebe que as linhas de trabalho não são tão diferentes entre si.
Suas fotografias captam bem o clima das feiras, evitando fotos muito encenadas e também sempre proporcionando um ângulo inusitado. Como é o seu trabalho nas feiras?
Eu vejo as feiras da Junta como uma forma que as pessoas têm de conhecer de perto os produtores, ouvir um pouco mais sobre a história de cada um. E também para que os produtores possam ouvir diretamente dos consumidores quais são as suas dúvidas, como eles utilizam os produtos que compram nas feiras e até mesmo para que possam trocar ideias e sugestões. Essa troca acontece o tempo inteiro e de várias maneiras, muitas vezes sob a forma de um sorriso, uma careta, um aperto de mão, na expressão de espanto ou na curiosidade dos consumidores mirins.
Eu procuro registrar esses momentos com o máximo de naturalidade possível e por isso estou sempre andando por entre os espaços, muitas vezes de câmera baixa e apenas observando essas interações. Gosto quando consigo fazer esses registros sem que as pessoas me percebam, pois sei que naquele momento elas estavam agindo naturalmente.
Acho que esse é um dos maiores motivos pelo qual são poucas as vezes em que eu peço pra que elas se preparem para as fotos!
Quais são os principais ajustes necessários para trabalhar com comida?
Quando estou fazendo fotos de alimentos gosto muito de trabalhar com luz natural. Entender como essa luz varia durante as diferentes horas do dia e como isso pode influenciar a aparência geral de cada alimento é sempre uma questão importante. Além disso, criar uma atmosfera que valorize a comida é um desafio. Pra isso, é sempre bom ter por perto uma variedade de itens (xícaras, talheres, superfícies) que ajudem a atingir uma composição mais natural e harmoniosa.
Na sua sacola da Junta Local não pode faltar…
Brioches e sticky bun da CB Pane.
Abaixo uma pequena galeria de fotos que o Samuel já tirou na Junta:
Acompanhe o Samuel pelo site http://www.antonini.fot.br/ e pelo Instagram @antonini_
Crédito da foto da capa: Duda Firmo