Texto da colaboradora Luciana Martinez 

Imagine se a toda vez que batesse aquela fominha no meio da rua você pudesse pegar uma fruta direto da árvore. Um lanche grátis e saudável, que ainda te conecta direto com a origem da comida. Bom, é essa realidade que o FallingFruit.org está ajudando a construir pelo mundo.

Tudo começou em março de 2013, em uma pequena cidade no Colorado, quando os ambientalistas Ethan Welty, Caleb Phillips e Jeff Wanner criaram um mapa interativo que reúne uma série de dados (como espécie, período de colheita, etc.) sobre plantas comestíveis e árvores frutíferas. Em apenas três anos, a iniciativa ganhou escala global. Hoje, o Falling Fruit tem mais de 1 milhão de frutas e plantas registradas em cidades por todo o mundo.

mapa_fallingfruit

Welty explica que a ideia surgiu a partir da própria relação que o trio mantém com a comida e o meio ambiente:

– Depois de um tempo na França, fui morar em Boulder, no estado de Colorado (EUA), e comecei a prestar atenção nas frutas da cidade. Em pouco tempo, eu não precisava mais comprar frutas no mercado e comecei a pensar em como dividir essa minha colheita urbana com outras pessoas. Fiquei impressionado como ninguém parecia notar a quantidade de frutas crescendo logo acima de suas cabeças, do lado de fora de suas casas.

Falling Fruit_Founder Ethan Welty with Harvest

O mapa foi construído a partir de inventários de municípios, mas cresce principalmente com a ajuda de moradores das mais diversas cidades. Por ser interativo, ele pode ser editado por qualquer um que tenha informações sobre plantas e frutas comestíveis em centros urbanos. A equipe conta com colaboradores voluntários para traduzir o conteúdo. As informações sobre o Rio de Janeiro, por exemplo, estão em português. Além disso, os dados podem ser baixados e usuários podem trocar dicas entre si. A ideia dos fundadores é levar adiante a filosofia do Falling Fruit.

– O que nos motiva neste projeto é valorizar as fontes de alimento em nosso entorno e o desejo de diminuir desperdícios. Eu sou um grande defensor de educar a população e informar sobre todas as fontes disponíveis de alimento. Este é um passo inicial. Seria muito importante que, além dele, mais cidades começassem a pensar em programas de cultivo focados em espécies comestíveis ao invés de eliminá-las dos centros urbanos – explica Jeff. Wanner.

Jeff & Mullberries

No Rio, são quatorze registros sobre fontes de alimentos pela cidade. Mas quem percorre a cidade sabe que essa é só uma mínima parcela do que nossas árvores têm a oferecer. Então, se tem uma mangueira perto da casa da sua avó, se já viu uma goiaba caindo do pé em cima de um carro ou se tem uma jaqueira no seu caminho pro trabalho, corre lá no FallingFruit.org e compartilha a informação. A dica também vale para aquela planta que você sabe que está contaminada por algum tipo de veneno, ou que por algum motivo não pode ser ingerida por ninguém.

Para os fundadores da Falling Fruit, é esse tipo de troca e interação entre as pessoas o que muda a nossa relação com a comida e com o mundo a nossa volta. A gente concorda, né?

Crédito das fotos: Equipe Falling Fruit