A feira da Casa da Glória é um marco para nossa comunidade. O primeiro evento lá foi a confirmação de que a cidade tem fome de comida boa, local e justa, e que a feira é uma plataforma potente para fomentar uma cultura de valorização da relação direta com produtores.

Foi lá que aprendemos a fazer feira e vimos a importância de parcerias que se pautam em valores. Ela apenas foi possível graças à visão e experiência do nosso amigo João Braune, que nos fez o convite numa conversa regada a cerveja e hambúrguer na Comuna, em novembro de 2014.

Desde lá foram oito épicas feiras, ajudando a consolidar a casa como um dos principais pólos de revitalização do bairro da Glória. E não são só feiras. Na Casa da Glória já tivemos Sacola Virtual, sessão de cinema para Ajuntados, churrasco de final de ano, Assembleias… de modo que o casarão já virou uma “segunda casa” da Junta Local.

As feiras lá contam com o apoio inestimável de uma equipe amiga de primeira: Seu Hamilton, Valdeir, Nátani e Alex, sob a batuta de João Braune (que também ataca como DJ Brownie nos eventos).

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Com toda essa “história” na bagagem, resolvemos fazer um Ajuntados da Junta, nossa série de perfis e entrevistas com parceiros da Junta Local, com o João, para contar mais sobre a casa e sua evolução.

Nos conte sobre a história da Casa da Glória e os eventos que começaram a acontecer por lá nos últimos anos.
Começamos nossas atividades na Casa da Glória no ano de 2007, no início muito focados em Artes cênicas, devido ao fato de além de sermos um espaço, também trabalharmos na produção de eventos culturais. Ao longo do tempo, fomos mudando um pouco o nosso perfil e começamos a realizar diversos eventos em outros segmentos, como Gastronomia, quando conhecemos e nos tornamos parceiros da Junta Local.

Considero a Casa da Glória como um espaço cultural de bairro, apesar de atrairmos público de todos os cantos da cidade. Acredito que cada bairro da cidade deve ter uma oferta cultural e procuramos ter uma programação plural, justamente para atender a diversos públicos e interesses.

Muitos eventos que passam pela Casa da Glória envolvem a comida. Como você enxerga esse potencial mobilizador e como ele pode evoluir considerando o bairro todo (as feiras, a comunidade, outros restaurantes e estabelecimento comerciais)?
A comida, desde os tempos imemoriais, sempre foi um elemento agregador, o momento em que as tribos se reuniam e conversavam na beira da fogueira. A própria Junta Local é um lindo exemplo de como podemos criar e mudar uma comunidade através da comida. Nos consideramos mais um elo dessa corrente, já que a Casa se tornou um local onde diversos eventos gastronômicos acontecem.

Acredito que afetamos positivamente a nossa comunidade a partir do momento em que proporcionamos ao nosso público a comida de verdade, tanto no sabor quanto na relação que se estabelece entre quem produz e quem come. Diversos dos produtores se tornaram nossos amigos, e assim vamos fazendo esse bolo crescer.

Penso também que os restaurantes e outros estabelecimentos sejam positivamente afetados – o dono de um estabelecimento pode vir na Junta Local e encontrar um produto que futuramente poderá ser incorporado ao seu cardápio, e a partir daí cria-se todo um ecossistema que permite a quem produz que continue produzindo, pois haverá a garantia de escoamento da produção, e aos consumidores que tenham acesso a uma comida mais justa e saborosa.

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A relação da Casa da Glória com a Junta Local vai muito além do caso de um espaço sendo ocupado por uma iniciativa. Como você enxerga essa relação? De que forma ela é um exemplo das novas formas de colaboração que são importantes para mobilizar a cidade?
A nossa relação com a Junta é um excelente exemplo de parceria muito bem-sucedida, pois realmente conseguimos estabelecer uma conexão de grande confiança e respeito mútuo. Apesar de muitos não saberem, mesmo nas Juntas que acontecem em outros locais, acabamos sendo parceiros, pois invariavelmente há algum material ou equipamento da Casa sendo emprestado. Da mesma forma, em outros eventos que acontecem na Casa a Junta também se faz presente indicando barracas de comidas e por aí vai.

Aqui acho importante falar um pouco de economia criativa X economia colaborativa, dois termos que muitas vezes aparecem na mesma frase e que são tão distintos como água e vinho. Muitas iniciativas da economia criativa NÃO são de economia colaborativa, e uma das coisas que nos encanta na Junta é justamente ser um projeto construído de forma criativa e colaborativa, onde os produtores têm voz e participam ativamente da construção do projeto. A forma de contribuição dos produtores nas feiras – através de percentual de venda e não com o pagamento de um valor fixo antecipado, como ocorre na maioria dos eventos gastronômicos da cidade – também vai de encontro ao que acreditamos, pois faz com que todos sejam parceiros, criando uma relação horizontal que é muito mais interessante para o ambiente da economia criativa.

O que você mais curte das feiras da Junta na Casa da Glória? Alguma foi mais marcante? Como é a relação com os produtores?
Pergunta difícil, pois gosto de tanta coisa… Na realidade o que eu acho que gosto mais é o ambiente do evento como um todo. Por mais cheio que esteja, sempre fica um clima de festa no quintal de Casa. A pessoa come, dá um mergulho na piscina, vê um show, e assim o dia vai.

Nossa relação com os produtores é ótima e, como já disse, vários deles viraram amigos, inclusive… Claro que volta e meia tem algum mala, mas esses a gente nem leva em consideração, hehehe!

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O que não pode faltar na sua Sacola da Junta Local?
Quando tem Junta na Casa da Glória, fazemos a feira completa! Cogumelos do Cogumelos Umami, vegetais do Manacá, queijos do Dariquim, geleias da Amantikir, alfajores da Pampa Alfajores e por aí vai… Tem de tudo um pouco!

Conheça mais sobre a Casa da Glória em seu site e Facebook.

Crédito das fotos: Samuel Antonini