Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb)…
A mensuração da qualidade de diferentes aspectos da vida através de índices chega agora à comida, com a criação, pelo “Intelligence Unit” da revista The Economist. O novo índice se baseia em 43 indicadores que avaliam como a agricultura, nutrição e aproveitamento da comida contribuem (ou não) para um sistema alimentar nacional sustentável. A integração de novos aspectos nesse índice é um grande avanço, e reflete a agenda de um movimento internacional que busca pensar na comida não apenas em termos de sua suficiência mas também de sua qualidade papel no desenvolvimento das cidades. Apesar de toda dificuldade de se traduzir em índices objetivos realidades muito complexas, este novo índice certamente terá um papel importante na formulação de políticas públicas e provocará maior conscientização por parte de cidadãos, governos e empresas. Nada como um ranking para provocar os brios.

E nesse quesito, os países apontados como os mais sustentáveis no ponto de vista alimentar foram França, Japão e Canadá. A França por exemplo, pontuou alto por causa de suas novas leis que flexibiliza o aproveitamento de restos de comida e produtos vencidos em estabelecimentos comerciais como supermercados e restaurantes.

No quesito agricultura, ganham pontos países com maiores porcentagens de agricultura orgânica e incentivos para pequenos produtores. A nutrição, um fator antes desprezado, faz com que países com altos índices de sobrepeso – reflexo de um sistema alimentar que entrega alimentos de baixo valor nutricional – percam pontos.

O Brasil ganha destaque na produção orgânica, mas, sempre o país dos paradoxos, perde pontos por ter boa parte de sua produção concentrada em commodities – e não em comida de verdade. Entre os 25 países analisados, ficamos em 22º lugar. Para nós, um sinal de que o movimento pela comida de verdade precisa se reforçar muito!

Como apontado por Roberto Smeraldi, o índice poderia fica mais completo agregando aspectos relativos ao consumo da comida – refeições feitas em casa, valorização da culinária regional, grau de conhecimento gastronômico. No entanto, ainda é valiosíssimo no ponto de vista da análise global.

Para conferir o relatório completo: foodsustainability.eiu.com/

Crédito da foto: Samuel Antonini