​​Por Thiago Nasser

Olá! 
Sou Thiago Nasser, co-fundador da Junta Local.

Uma vez por mês estarei falando diretamente com vocês, que fazem parte da nossa comunidade, através desta “coluna” aqui no nosso blog.

Desde o começo do nosso projeto este blog foi um espaço para conteúdos que merecessem espaço fora do território (cada vez mais) minado das redes sociais. Fugindo da guerra de likes, aqui publicamos histórias de produtores, receitas, relatos de viagens e comentários sobre o sistema alimentar – tudo para você ficar por dentro do nosso universo da comida boa, local e justa.

Mas também este sempre foi um espaço para trazer o leitor para dentro da Junta Local, falar dos nossos desafios, permitir uma fresta para os nossos bastidores, extravasar sonhos e colocar para fora desabafos. 

Paradoxalmente, à medida que mais coisas foram acontecendo “aqui dentro” e as crises do sistema alimentar provocadas pela pandemia, agravamento da pobreza e sucateamento das políticas públicas se aprofundaram, menos falamos deste lado da cortina. Tudo isso teve um impacto na Junta Local, nos lançando na resolução das tarefas do aqui e do agora e nos fazendo muitas vezes entrar na ciranda da economia da atenção e dos projetos de mundos idílicos que nos afastam da nossa missão de aproximar.

Acredito que está na hora de voltar a falar sobre estes assuntos, pois no fundo os desafios que enfrentamos são comuns a todos produtores, ativistas, empreendedores e agentes engajados em alguma transformação do mundo através da comida. Compartilhar isso com quem frequenta, compra, acompanha a Junta Local é essencial. Criar uma espaço para trocas e também outras vozes. 

Em 2014 a Junta Local era uma ideia que uniu um bando em torno do projeto. Hoje, os ideais são os mesmo mas eles possuem formas, algumas impostas pela realidade e outras talhadas de forma orgânica: somos uma empresa, uma empresa cheia de aspirações, mas que ainda assim busca se manter, pagar impostos e colaboradores e busca um caminho para intensificar sua missão. Somos um ajuntamento, uma estrutura de governança que rege quem faz parte da Junta Local e garante que nossas práticas estejam alinhadas com nosso propósito.
Mais de 170 produtores fazem parte deste grupo, um grupo vibrante e cada vez mais diverso. Alguns estão começando, alguns estão começando há anos e querem continuar assim, outros saíram das cozinhas e abriram fábricas, alguns são um pouco mais que hortelões, e outros trabalham extensões consideráveis de solo para ao mesmo tempo retirar e recompor. Temos uma equipe de gente talentosa e sonhadora que torna a Junta Local mais profissional, ainda que uma sonhadora profissional. 

Gostaria de usar este espaço para falar um pouco das encruzilhadas ao longo desse caminho. A cada uma delas a sensação é de que um erro pode colocar tudo a perder, ou de que de repente estaremos trilhando o mesmo caminho que resultou num sistema alimentar quebrado em que intermediários, grandes corporações e interesses escusos decidem o que comemos, e decidem que poucos comem bem e muitos comem mal e que o mundo esteja a beira de um precipício sem volta. Mas ao mesmo tempo, tem sido uma viagem e tanto, com cada vez mais gente envolvida e cujas histórias e reflexões precisam de espaço também.

Se você quiser saber de algum aspecto específico da Junta Local ou desta nossa jornada, escreva para mim: thiago@juntalocal.com.

E este esforço de aproximação não se limita a essa coluna. Depois de muitos meses focados em financiamento coletivo, a mudança para um galpão na Gamboa, o lançamento de uma nova plataforma (o Assina Junta!) – olha aí o movimento para mudar o sistema alimentar – estávamos com muitos comichões a coçar, histórias a contar e partilhar.. 

Na verdade, nunca paramos. Se você nos acompanha há mais tempo, é possível que já tenha lido alguma história ou visto uma receita aqui no nosso Blog, ou até mesmo visto um dos nossos relatos de viagem no nosso canal de Youtube mas agora firmamos o compromisso de alimentar o nosso blog de forma mais regular, com a força dos paladares e penas da nossa equipe. Por sua vez, estas histórias e conteúdos que saciam a nossa fome, não apenas por comida boa mas também por informações sobre nosso universo de produtores e da comida como um todo, chegarão de forma canalizada até você duas vezes por mês na forma de um boletim via e-mail. Teremos sempre conteúdos apetitosos, relatos de encontros com produtores, aquilo que está fazendo nossos estômagos ronronar e provocações à reflexão. 

Este mês começaremos falando sobre azeites, um assunto que não sai das nossas cabeças desde que chegou um frasco de azeite não filtrado da Fazenda Trapiá aqui no nosso galpão. Acostumados aos doces, cafés e grãos de lá, um belo dia fomos surpreendidos por essa novidade trazida pelo Lucas Moura, filho do casal que toca a da fazenda. Como quem não quer nada anunciou que aquele era o resultado da primeira colheita da olivicultura. O azeite, fresquíssimo, arrancou não apenas os nossos suspiros mas também os do Marcelo Scofano, renomado especialista em azeites e também frequentador das nossas feiras. Aproveitamos, a deixa para fazer algumas perguntas para ele sobre a cena dos azeites locais, que não para de crescer e dar nossos pitacos no assunto. 

O nosso segundo boletim – olha o spoiler – terá como foco outro produto local que está no pico da estação, os cítricos! Há pouco tempo visitamos o Sítio Quaresmeiras e saímos de lá não apenas como uma lição de amor sobre o cultivo orgânico e de relações duradouras mas também com as bocas pingando com os sumos das laranjas, tangerinas e mexericas que provamos ao pé! Imperdível! 

Nosso boletim também vem recheado de dicas de bons bocados não apenas de leituras, mas também podcasts, vídeos e o que mais aguçar os sentidos. O ato de comer para gente, sempre vem escoltado pelos atos de ler, ouvir, assistir e viajar.