Estamos cada vez menos conectados com os alimentos sazonais. Frutas, verduras, legumes e grãos da época crescem e amadurecem no tempo certo, e assim requerem menos ajuda artificial de agrotóxicos e afins. Quando falamos de elementos orgânicos não se trata apenas de substituir determinados insumos por outros, é preciso levar em consideração as especificidades climáticas e locais para saber o que crescerá com mais facilidade.
Segundo um dos produtores da Junta Local, Carlos Wagner, do Manacá Orgânicos, “temos que usar as características rústicas que cada um tem. Usá-las a favor no plantio, manejo e colheita. E também temos que empregar o clima a nosso favor. O inverno para nós é a melhor época, já que fungos e bactérias não gostam do frio”, explica Wagner. “A produção convencional tende a desprezar as particularidades de cada estação e compensa isso recorrendo a aditivos químicos para que não haja interrupção na produção de determinado alimento. Por exemplo, enquanto para os orgânicos o inverno é a época mais rica, para o convencional a melhor época é o verão, quando o clima propicia um crescimento ainda mais rápido dos alimentos.”
Por sua vez, se o alimento sazonal cresce com mais facilidade durante determinado período, ele é mais abundante e logo mais barato. Portanto, além de ser uma forma de forma mais mais consciente de consumo, o comer sazonal é mais barato!
Mas então por que não fazemos isso com mais regularidade? A reposta é que simplesmente não temos essa prática e fomos acostumados à ampla disponibilidade e variedade de produtos. Os supermercados nos dão a falsa ilusão de que todos alimentos estão sempre disponíveis o ano todo!
Olhando para o nosso estado e pesquisando a sazonalidade dos alimentos aqui no Rio de Janeiro, esbarramos com uma questão climática muito importante e que diferencia os produtores daqui dos demais: o Rio, por sua topografia, possui dois grande climas e nessa época do ano essa condição se exacerba. Na região serrana, temos o clima de inverno, temperado mais frio, que para a cultura de orgânicos é a melhor estação do ano. E nas regiões mais baixas, na baixada fluminense, temos um clima mais acalorado, propício para o plantio de alimentos amigos desse clima. Então, por aqui temos terras quentes e frias, o que nos proporciona uma ótima variedade de produtos nesse período.
Para o Wagner, essa também é uma época de plantio muito forte, para colheita no verão. Então, desde agosto, após a alta produção no inverno ele já tá investindo nos orgânicos que vai disponibilizar na Junta na próxima temporada. Aí vai uma pequena lista de alimentos que, mesmo nesse mês de passagem de inverno para primavera, temos uma boa variedade de alimentos na época.
Frutas: abacate (final da estação), banana (ano inteiro), jabuticaba, laranja, limão, mexerica (final da estação), morango (final da estação), nêspera, tangerina cravo (final da estação) e tangerina poncã (final da estação).
Legumes: batata, beterraba (final da estação), cenoura e nabo.
Verduras: alface (ano inteiro), brócolis, broto bambu, couve-chinesa, couve-manteiga, couve-flor, ervilha (final da estação), espinafre (final da estação) e rúcula.
Fonte: IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná e Wagner do Manacá Orgânicos.