Estamos há um tempo sem compartilhar os números da Junta Solidária, mas isso não significa que a iniciativa tenha parado. Muito ao contrário, ao longo desses últimos cinco meses desde nossa última prestação de contas, a produção e distribuição de quentinhas produzidas na Gamboa com a colaboração da Gastromotiva e de refugiados que fazem parte do projeto Chega Junto continuam a mil – na verdade a mil não, mas a 6,899, que foi o número de quentinhas produzidas com aproveitamento total de ingredientes e aproveitando doações da nossa comunidade local. Nosso foco tem sido nas comunidades adjacentes do nosso galpão no Moinho Fluminense, na Gamboa, onde infelizmente o cenário ainda é de muita insegurança alimentar. A crise permanente, demanda uma ação consistente.

E é isso que temos buscado para o projeto. Felizmente, o apoio da Gastromotiva foi renovado, o que garante apoio financeiro que cobre parcialmente os custos, insumos, e o precioso treinamento de integrantes do projeto. A partir deste mês, outros integrantes do Chega Junto que participam da Junta Solidária e que lideram as cozinhas receberão o treinamento de capacitação. Mas é preciso ir além. Continuamos solicitando o apoio da nossa comunidade, não apenas através da compra das quentinhas simbólicas na Sacola da Junta, que ajudam a manter o processo, mas também através do voluntariado. A partir deste mês voltamos a abrir as nossas cozinhas para quem quiser dedicar algumas horas nos ajudando a produzir quentinhas. Quem já participou sabe que é trabalho duro mas também momento de muita troca e satisfação. Interessados podem entrar em contato pelo nosso email: contato@juntalocal.com para receberem mais orientações.

Como agora temos este Boletim, entendemos também que temos a oportunidade de trazer a nossa prestação de contas de forma mensal, sempre aqui através do compartilhamento da nossa planilha, mas também de trazer você leitor e apoiador mais para perto da Junta Solidária. Vamos começar falando daqueles que dão um sentido especial para o projeto, os integrantes do Chega Junto que se entregam a cada semana para dar um pouquinho de volta para o país que os acolheu. Muitos vocês também já os conhecem das nossas feiras.
Hoje vamos falar um pouco de Ossama Sharbaji, que chegou no Brasil em 2016, fugindo da guerra que vem arrasando a Síria desde 2011, e começou a participar das feiras da Junta Local em 2017 com a Zaman Culinária. Se você já passou numa feira da Junta e viu uma fila enorme em frente a uma barraca com o tradicional shawarma é bem provável que você já tenha topado com Ossama e sua esposa, Melani, brasileira que o ajudou a aprender o nosso idioma. Mas certamente as ruas e as feiras o ajudaram muito, não só no aprendizado do português que já domina com folga, mas também na integração:

“Levar uma comida de rua típica do meu país para as pessoas daqui e ser reconhecido é gratificante. As feiras me dão a oportunidade de mostrar um pouco do meu trabalho e assim conquistar clientes para meu próprio negócio, me levando a crescer profissionalmente.”
A participação na Junta Solidária representou um desafio, pois ele saiu da sua zona conforto na cozinha, que era a comida árabe. Felizmente o aprendizado que recebeu ajudou não apenas na superação mas para se sentir mais seguro como cozinheiro:

“O curso que a Junta Local me proporcionou através da Gastromotiva teve um impacto muito grande na minha vida, aprender não só questões administrativas, segurança alimentar”.

Mais do que isso, Ossama sente que pode retribuir para um país que lhe acolheu de braços abertos:  “Poder pensar que esse estudo e essa ação gastromotiva impactam de forma positiva a vida das pessoas, e que estou fazendo algo para o povo que me acolheu bem é importante pra mim”.

Sentimos muito orgulho de Ossama, um sírio que na Junta Solidária se sente cada vez mais brasileiro.