A Junta Local está para dar início um novo projeto que reforça o papel na comida como forma de aproximar culturas e empoderar pessoas. Abriremos os braços para que refugiados participem das nossas feiras como produtores. A ideia é dar oportunidade e ao mesmo tempo criar um espaço para que as pessoas conheçam pratos e receitas tradicionais de países como Síria, Nigéria, Congo, Venezuela, Colômbia, Cuba e muitos outros que ainda virão.
O pontapé inicial do projeto acontece nesse sábado, 17, com participação de refugiados da Colômbia e da Síria. Neli, da Colômbia fará arepas (com milho passado no próprio molino, empanadas. Rami, Ahman e Mohamed trarão pão sírio e outras iguarias sírias.
O projeto começou graças à iniciativa da nossa colaboradora Luciara Franco (Food – Revolution / Jamie Oliver Foundation), junto com o amigos Ivan Louft, que já viajou pelo Oriente Médio, e Diogo Félix, da Cáritas, que nos apóia do projeto.
A seguir o relato de Luciara contando um pouco mais sobre a realidade dos refugiados e o objetivo do projeto.
Vindos de diversos países, especialmente do Oriente Médio, África e América Latina, os refugiados chamam a atenção da mídia mundial e crescem em número no Brasil. Chegando aqui, encontram barreiras de todo tipo, a começar pelo idioma e a dificuldade para interagir, trabalhar e conseguir uma adaptação real à nova realidade.
A habilidade de cozinhar, no entanto, é uma herança cultural que não se perde Os refugiados podem, a partir do conhecimento da sua culinária, recomeçar a vida nova a partir de uma linguagem que não precisa de intérpretes, a linguagem do paladar.
De acordo com o idealizador do projeto, Ivan Loutfi, a comida sempre foi um fator de união entre os povos, marcando tanto a celebração do encontro, como o símbolo máximo da sobrevivência de uma raça. Se sobrevive à fome, tudo é possível. “Uma pessoa que perde tudo, objetos, documentos, casa, família, cruza várias barreiras para chegar em outro país onde possa recomeçar tudo de novo, e aí se depara de novo com dificuldades de todo tipo. Mas ao levar aquilo que faz com amor, seu alimento, sua memória da vida diária deixada para trás, ele tem condições para uma inserção real no país, a esperança de um recomeço de verdade”, conclui.
O público também ganha muito com esta autêntica troca cultural, já que vai poder experimentar receitas típicas de lugares não visitados ou de países com uma culinária rica, mas muitas vezes ainda desconhecida. Isso se soma à filosofia e dinâmica geral da Junta, que vem criando, e cada dia com mais força e seguidores, uma rede permanente de troca de saberes, receitas e ingredientes que aliam paixão culinária, alimentação saudável e o empoderamento sociocultural.