Por Maria Schatovsky
Comer é um ato transformador e grande parte dessa responsabilidade vem da escolha dos ingredientes que compõem nossa alimentação diária. São eles que fornecem insumos para nossa criatividade na hora de cozinhar e alimentam nossa fome de comida boa, local e justa.

Por aqui, essa transformação vem também a partir da rastreabilidade e da localidade do que chega até a comunidade da Junta Local. Saber de onde vem e fazer questão de valorizar o local é a forma como nos contrapomos à homogeneização do sistema alimentar. E é sobre isso que viemos trocar nesse texto aqui: um sistema alimentar que deixa tudo parecido. Nesse processo, uma enorme variedade de produtos acaba sendo esquecida. Felizmente, há quem está se lançando no trabalho de resgate.

Crescemos em um sistema alimentar que nos ensina que só existe cenoura, beterraba e couve flor, de cores laranja, roxa e branca, respectivamente. Apesar disso, todos esses vegetais, assim como vários outros, não deveriam ser definidos e padronizados sob uma forma só de existência. O que acontece é que o mercado tradicional nos oferece apenas uma variedade, quando e da forma que achar mais conveniente para ele, e a gente vai perdendo e esquecendo todas as outras. O sistema agrícola convencional contribui também para isso, excluindo produtos mais complexos em sua produção, ou que não estão “adequados” à padronização esperada pelo mercado.

Comemos muitas vezes só aquilo que conhecemos das prateleiras dos supermercados, e nossas dietas diárias acabam sendo doutrinadas pelo que grandes corporações definem como o que deve ser comido. Apesar disso, ainda se come e se comeu ao longo da história muito mais coisas do que imaginamos. Se hoje encontramos apenas uma dúzia de produtos da terra, esta variedade é na verdade muito maior. E, existem variações dentro desta variedade. Se hoje, encontramos apenas o protótipo de cenoura laranja, ou duas variedades de couve, ao longo da história já se cultivou um arco-íris de cenouras e um carnaval de diferentes couves no país inteiro. A agricultura convencional, de escala, segue a lógica de que é preciso padronizar para baratear: é mais fácil plantar uma única variedade, que irá ser cultivada ao longo do ano inteiro – com a ajuda da importação de sementes, agrotóxicos e exploração do solo – e garantirá um mercado mais homogêneo e padronizado. Isso só estimula a perda da nossa diversidade, o empobrecimento nutricional das espécies e consequentemente da nossa dieta.
Buscando mudar isso, há diversos produtores comprometidos com a valorização dessa diversidade dos produtos da terra. A Santa Adelaide Orgânicos, nossa nova parceira da comunidade Junta Local, trabalha no que eles chamam de “cultivo de plantas esquecidas”, variedades que deixaram de ser cultivadas, e com o passar do tempo, tornaram-se desconhecidas. Na Sacola da Junta e no Assina Junta tem aparecido cenouras brancas, roxas, amarelas, couve-flores laranja, verde e roxas, repolho crespo, beterraba amarela, beterraba chioggia, rabanetes melancia, couve kale, que conquistam os olhares da nossa comunidade.

Além da beleza, essa diversidade nos abre para um universo inteiro de novos sabores e nos inspira na hora de inventar receitas de comer com os olhos. Cada uma dessas variedades de legumes e hortaliças tem suas características predominantes que ajudam a enriquecer nossa cozinha e nos ajudam a aumentar a diversidade de produtos na nossa dieta mesmo seguindo os valores de uma alimentação mais ligada a sazonalidade e as estações.

 

Quer garantir toda essa diversidade de verdinhos e coloridos locais? Acesse a Sacola da Junta e escolha seus preferidos ou entre no Assine Junta e garanta entregas recorrentes com uma seleção de produtos feita pela nossa comunidade.