Texto da colaboradora Luciana Martinez

Esta participação da Sacoleira Virtual na Revista da Junta está especial. Desta vez, dispensei meu ajudante (o namorado harmonizador) e saí da minha cozinha para conhecer de perto um dos maiores sucessos das feiras da Junta Local: o sanduíche de falafel da chef Katia Hannequim. Quem vai às feiras sabe: a iguaria é sempre motivo de fila e tem gente que entra nela várias vezes para repetir o lanche. Agora, o que nem tanta gente sabe ainda é que dá para fazer essa maravilha em casa. É que o falafel da Katia brilha também na Sacola Virtual.

Eu sempre tive para mim que o falafel da Katia tem um gostinho mágico. E não é que tudo começou com uma fada? Pois foi Dona Fada, judia de origem armênia, quem ensinou à Katia a receita que pertence a sua família há quatro gerações. Grão de bico, ervas frescas e ras el hanout, uma mistura de vários temperos. E é nessa mistura de temperos que está o segredo da Katia. Nem adianta insistir; está guardado a sete chaves.

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Para ela, o falafel de sua família tem tudo a ver com a Junta Local:

– Fiquei pensando muito no que levar para a feira, porque queria algo que tivesse  a proposta da Junta de reconectar o consumidor com a comida, e lembrei do falafel: era um prato corriqueiro na casa da minha avó, comíamos de entrada. Por outro lado, o sanduíche de falafel (que ainda é raro de se encontrar no Rio) é uma comida muito popular de rua em várias cidades – contou Katia. – Eu costumo dizer que aprendi a cozinhar por osmose, de tanto observar a minha avó. E quem prova minha comida repara isso: ela tem gosto de família.

O falafel da Katia já faz parte da Sacola Virtual há algum tempo. Mas agora ganhou uma embalagem nova, mais prática. Antes, ele já vinha em bolinhas e era vendido congelado a vácuo. Mas o clima e o trânsito do Rio de Janeiro não lembram muito os da Armênia de sua avó. Então, o jeito foi bolar uma maneira de garantir que o produto chegasse até a gente nas melhores condições. Foi aí que a Junta e a Katia decidiram vender não os bolinhos, mas a massa armazenada em potinhos de 500g. É só chegar em casa, enrolar a tacar fogo. Quer dizer, fritar.

Vamos botar a mão na massa (de grão de bico)? É super simples. As tais bolinhas são, na verdade, mais para ovais. Têm mais ou menos 1cm de espessura. Cada potinho rende aproximadamente quinze delas e os sanduíches da Kátia costumam ter três cada. Mas, claro, você pode colocar quantos quiser no seu. Ou comer de aperitivo em quantidade livre. Ainda está com preguiça? Então aproveita para fritar tudo de uma vez (a gente sabe que fritura deixa um cheiro, vamos dizer, particular na cozinha, mas a felicidade tem seu preço) e congelar uma parte. Assim, da próxima vez que você quiser comer o quitute, pode dispensar a etapa da fritura e esquentar direto no forno. Não sentiu firmeza? A dica é da própria chef, rapaz, então pode botar fé.

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Para acompanhar, a preferência nacional é o homus, aquela pasta de grão de bico que se tornou um dos símbolos mais populares da culinária árabe. Com molho de alho harmoniza legal também. E sempre dá para usar a criatividade também, né? Quer ver só? No sanduíche-sucesso que a Katia vende nas feiras da Junta Local, o falafel vem embrulhado no pão árabe e acomodado pelo homus. Aí, o negócio é apostar nas variações sobre um mesmo tema e inserir temperos, folhas e molhos a seu gosto.

Não está muito criativo? Vou compartilhar com vocês a minha versão de sanduíche para ver se serve de inspiração. Além do homus, eu vou de molho de alho, cebola roxa e folhas de alface americana cortadas em tiras (além de dar um frescor e uma crocância legais, os verdes tornam as mordidas mais seguras, porque vamos combinar que comer sanduíche de falafel pode envolver uma certa sujeira). Agora, essa é só a minha versão padrão. “Tem gente que coloca até batata frita”, contou a Katia, rindo. Então, podem exercitar a imaginação à vontade. Até porque, se o falafel for da Katia, a coisa já deu certo.

Crédito das fotos: acervo pessoal da Katia Hannequim (capa e foto 1) e Luciana Martinez (foto 2)