Por Maria Schatovsky

Em 2020, no meio da pandemia, começamos nossa série de entrevistas, lives e outras formas de conexão para compensar a ausência física e que trouxeram ainda mais borbulhas em nossas cabeças sobre os mais diversos assuntos. Estamos falando do Prato Fundo. Algumas dessas conversas estão salvas e disponíveis para ver e ouvir no nosso Instagram, outras ainda não chegaram de forma completa aos ouvidos da nossa comunidade. Dessa forma, hoje compartilhamos um pouco da nossa entrevista com a Elaine de Azevedo. Para quem não conhece, ela é a voz e mente por trás do podcast Panela de Impressão. Mãe, ativista alimentar, nutricionista, socióloga da alimentação e professora, tem aperfeiçoamento em Medicina Antroposófica, mestrado em Agroecossistemas, doutorado em Sociologia Política e pós-doutorado em Saúde Pública. Todos esses caminhos a permitiram enxergar o mundo de diferentes perspectivas através da comida. Seu podcast surgiu como um movimento de transpor os muros da academia e conversar com um público maior, e, assim como a gente, tentar transmitir a importância da comida que colocamos no prato sem afastar as pessoas dela e desse movimento.

Um dos podcast do Panela de Impressão que em poucos minutos – mais especificamente, 11 – consegue transmitir muito do que pensamos quando transmitimos nossos valores e o modo como enxergamos a comida, o chamado “Ativismo Alimentar”. 

O ativismo alimentar é um termo que é um grande guarda chuva, de amplo alcance na sociedade, onde a comida aparece como elemento transversal. É um movimento social que discute e luta por questões que vão além da comida e acontecem fora da arena política – lembramos que todo ativismo luta pelo direito das minorias, para transformar uma realidade a partir de estratégias coletivas.

As formas de atuação no movimento são diversas: boicote de alimentos não saudáveis – sejam os ultraprocessados ou cheios de agrotóxicos -, manifestações públicas organizadas como as contra os agrotóxicos e aumento dos preços de alimentos, o fomento a campanhas como a ação de cidadania contra a fome, mas também é de atuação em casa, na universidade e na feira na hora de comprar alimentos. 

Nele lutamos pelo direito de todos a uma alimentação de qualidade, contra a insegurança alimentar e a fome, pelo direito à qualidade de vida de todos que produzem comida, pela reforma agrária e o direito à terra a quem quer plantar, pelo controle do uso de agrotóxicos e outros riscos alimentares, pela soberania alimentar – a capacidade do país de produzir seu próprio alimento -, pelo fortalecimento dos sistemas agroalimentares tradicionais, pela agroecologia e pela agricultura familiar orgânica, e ainda, o movimento luta para a valorização do prazer de comer e da comensalidade, do bem estar animal e contra a violência a todos os reinos e pela valorização das mulheres que produzem e cozinham alimentos. 

Talvez você já faça parte desse movimento e ainda pense que tudo é só um novo modo de comer. Saiba que não é só sobre comida. Vamos ampliar esse conceito de “comer como ato político”? Abaixo você confere a entrevista na íntegra!